Blog da Gabi ;)

Divagações, citações, fotos, livros e viagens.
Amigos, família, planos, projetos, música.
Opinião, conversa pra jogar fora, vontade de escrever.

Emoório Biergarten: Cultivando Prazeres

12.7.09

É assim que a vida é

"A vida não se mede pelas vezes que você respira, mas sim por aqueles momentos que lhe deixam sem fôlego."


(Uma homenagem à Joice, minha irmã, que soube viver)


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Emoório Biergarten: Cultivando Prazeres

24.9.08

Tirar férias é um exercício


Tudo bem, tudo bem... Eu também estava trabalhando enquanto viajava mas, num outro ritmo. Tivemos muitos momentos de "fazer nada", de aproveitar a paisagem e mais: de ter tempo para pensar. Essa foi a parte mais difícil. Conseguir me desligar das responsabilidades, dos planejamentos, do que ainda tenho a fazer.

Além disso, olhando para o mar da Praia Mole, em Floripa (nessa foto aí de cima), tive um bom tempo para fazer um balanço do que foi e do que está sendo o ano de 2008 pra mim.
Eu não podia esquecer que talvez essa seja a última viagem que possamos fazer durante um longo período que vem pela frente — novos compromissos com tempos mais apertados estão chegando.

E durante esse momento que devia ser de relaxamento, fiquei tensa em muitos aspectos: tenho muitas coisas ainda não resolvidas dentro de mim e à minha volta.
A luta pelo sucesso profissional e o reconhecimento quando se trabalha com a família me parece ter um peso triplicado e eu não ando feliz com meus resultados.

Durante esse tempo de contemplação, pensei muito seriamente em virar a mesa e seguir outro rumo. Mas a responsabilidade de uma taurina como eu não me deixa abandonar as coisas sem acabá-las por inteiro.


Talvez essas coisas acabem comigo antes de terminarem se eu não tomar algumas atitudes. Já que não consigo relaxar nem com o mar esplendoroso à minha frente, com suas ondas sempre iguais e sempre diferentes, creio que seja hora de rever meus conceitos.

Pelo jeito, mesmo achando que não relaxei o suficiente, as férias foram bárbaras, já que me fizeram novamente enxergar as coisas pelo lado de fora.

E "vamo que vamo", que eu já estou no pique total de novo!
Cabeça descansada (ou quase), coração a mil!

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4.8.08

Saudades

Sinto falta de escrever aqui — isso é praticamente um vício.
Mas, não encontro assunto, não ando tendo conteúdo.

Acho que é tanta coisa na minha cabeça, tanta coisa acontecendo "tudo, ao mesmo tempo, agora" e ainda uma estafa absurda que me fazem calar.

Mas eu continuo amando este blog.
Prometo que volto!
(E aposto que vai ser logo!)

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31.7.08

Exigência fisiológica

Uma pseudo crise de labirintite me faz diminuir o ritmo.

Estranho como o corpo exige atenção bruscamente quando você não presta atenção nos sinais de stress...

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29.6.08

As coisas pelas quais temos que passar

Ultimamente estou tentando ter uma outra postura em relação aos acontecimentos à minha volta. Tem gente que me considera apática, tem gente que me considera conformista e, pior de tudo, tem gente que me considera egoísta. Eu me considero prática.

Venho passando por desafios maiores do que o imaginável. Nunca imaginei que me decepcionaria com pessoas que sempre confiei e considerei essenciais na minha vida. Depois desses “tapas na cara” que andei levando, quase desisti de tudo. Mas pensei bastante nas possibilidades e além de achar que se abandonasse todos os meus projetos eu seria uma fraca, também achei que seria muito mais egoísmo agir assim, do que continuar, mesmo nadando contra a corrente da maioria.

É difícil de explicar e mais ainda de perceber as coisas que na verdade são claras como água. Venho assistindo às coisas de um novo ângulo: resolvi pensar mais em mim e me envolver menos. Não quero mais ser a fortaleza de ninguém e muitas vezes me sinto mal por isso, porque gosto de ajudar, porque gosto de me matar pelos outros — e isso é sincero. Mas o que recebo de volta é sempre crítica e vários nãos. Sempre.

Meu pai precisou passar por uma outra cirurgia por causa de uma prótese que colocou na perna, há quase dois anos. A lição que eu levo de um acontecimento desses é: ninguém sabe pelo que tem que passar para aprender o que tem que aprender. Mais humilde, sabendo que depende de outros, meu pai mudou depois dessa última “aventura” no hospital. Bem diferente de quando sofreu o acidente há dois anos atrás, que o levou a colocar essa prótese. Ele conseguiu reconhecer suas fraquezas sem desmerecer ninguém que estava próximo a ele, lhe dando a mão. Será que não era isso que ele tinha que ter aprendido há dois anos atrás? Eu não sei... Mas me pego pensando a respeito.

Tenho vários outros exemplos muito próximos de mim que me levam a pensar a mesma coisa. As pessoas não sabem o que têm que passar para aprenderem o que devem aprender. Se você não aprende por bem, vai ser por mal. Pode ter certeza.

Tenho medo disso. Acho que estou aprendendo por mal muita coisa que deveria aprender por bem. Ao mesmo tempo, me sinto tão injustiçada que tenho medo do que as pessoas que vêm me fazendo tão mal emocionalmente, terão que passar para entenderem que o que eu faço realmente é pensando no bem — sendo muito honesta sempre e justa acima de tudo.

A gente não sabe o que tem que passar nessa vida. Mas eu digo que culturas enraizadas são muito difíceis de mudar. Sentimentos conflituosos em relação a alguém que se sobressai são horríveis de se lidar (principalmente quando você é a pessoa do foco de toda a discussão). E eu ainda não descobri por que tenho que passar por tudo isso...

Maaaas, nessa bagunça toda — sentimental, profissional e principalmente familiar —, novos projetos vêm surgindo. Algo mais leve, mas que vai tomar praticamente todo o meu tempo (e isso é bom pra não ter tempo de pensar demais em coisas pequenas). E eu e o Marcelo tentamos abrir mais uma porta de possibilidades pra gente. Em breve notícias oficiais a respeito.

Desculpem-me o sumiço. ADORO escrever nesse blog. ADORO ter notícias de minhas amigas. ADORO poder confiar em várias pessoas de verdade. Mas, não estou tendo tempo. Provavelmente aparecerei mais aos fins de semana e só peço pra quem gosta de mim, pra que torça de verdade pelas minhas causas. Quem não gosta, faça como quiser — porque com certeza eu vou passar pelo que tiver que passar.

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3.3.08

Feminista, sempre!

Conto de Fadas para meninas do Século 21, às vésperas do Dia Internacional da Mulher.

Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.

Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
— Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...

Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: "Nem Fudendo"...

Luís Fernando Veríssimo

(Recebi por email e disseram que é de autoria de Veríssimo. Repasso mas não confirmo.)

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29.1.08

Hoje é Dia do Jornalista

Considero a profissão de jornalista interessantíssima e linda! E foi assim que, depois de ter estudado publicidade, acabei por fazer a faculdade de jornalismo também. Comunicação no seu sentido mais amplo: saber ouvir, saber contar uma história, saber usar as palavras do seu idioma. Ler e escrever com prazer.

Tem gente que tem esse dom desde sempre. Por gostarem de ler, por terem tido uma boa educação tanto na escola quanto em casa, por terem sido incentivados a pensar e ter opinião, tem muito jornalista que não precisa de diploma pra se auto-intitular como tal.

Eu admiro quem tomou essa linha como profissão: saber comunicar é uma coisa que se aprende todos os dias. E mais do que isso: as informações são consideradas importantes ou não por esses formadores de opinião. São eles que acabam decidindo qual será a próxima discussão na mesa de um bar.

Muito poder nas mãos de poucos escolhidos.
Jornalista tem aos montes mas, profissionais mesmo, com ética e tudo que se deve ser para exercer o poder da escolha, são poucos. E é para estes que dou meus parabéns no Dia do Jornalista!

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22.1.08

Tá difícil de novo...

"Nunca olho para o que já foi feito, mas para o que está por fazer."
Marie Curie (1867-1934), Polônia

Olha... Se eu seguir esse conselho, provavelmente desista de tudo. Se eu não olhar para trás e vir que fizemos algumas mudanças e que trouxemos alguns resultados para a nossa empresa, vou desanimar. Porque quando olho pra frente, vejo o tanto que ainda precisa ser feito e como a luta ainda tem que ser muito ferrenha para mudar conceitos de cabeças-duras, que não entendem que o novo deve ser aceito.

Estamos numa encruzilhada: seria muito triste desistir de tudo e deixar pra trás tudo que conquistamos até agora — o que, às vezes, é muito difícil de medir. Mas não está sendo nem um pouco fácil não conseguir enxergar um futuro muito diferente do que temos hoje — muita discussão e pouca ação. Ter que arregaçar as mangas e fazer TUDO está mais do que cansativo. Chega a ser estafante...

Esta novela está longe de ter um fim. Mas talvez ela tome outros rumos logo.

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9.1.08

Historinha mal contada

Estou achando essa história do roubo das obras de arte do Masp beeeeem suspeita. Vou explicar: não é de hoje, nem do mês passado mas, há quase um ano, que venho ouvindo e lendo a respeito das dificuldades que o museu vem passando. Dívidas acumuladas, pouca visitação, nenhuma ajuda do governo, ínfimas divulgações, mostras mal elaboradas. Vi gente fazendo campanha para revigorar o tal museu (que eu adoro), discussões acaloradas sobre estatizá-lo, críticas duras a seus curadores anteriores. Enfim... Muita discussão e pouca ação.

Aí, no mês passado acontece todo esse furdúncio e o furto de duas obras de arte importantes do acervo do museu, que não tinha nenhum tipo de sistema de segurança, que não tinha nem mesmo funcionários na hora do roubo. O Retrato de Suzanne Bloch, de Picasso e O Lavrador de Café (acima), de Portinari, foram levados facilmente. Uma vergonha e muita mídia.

E você sabe bem como a nossa polícia é eficaz, como nossos investigadores demonstram resultados rápidos e não perderm uma pista. E agora, menos de um mês depois de terem sido roubados — 19 dias, pra ser exata
—, os quadros são encontrados sem nenhum arranhão, depois de pedidos de resgate, é claro.

Não sei não... Tire suas próprias conclusões, leia a historinha aqui e depois me diga se não foi muito oportuno todo esse blá-blá-blá sobre o roubo. Pra mim, aí tem "jeitinho brasileiro" de chamar a atenção pra um outro problema do museu: a falta de dinheiro e a necessidade de ajuda externa.

Se eu fosse consultora financeira, daria a solução: venda uma ou duas obras de arte, pague as contas e se refaça. Não estou sendo radical — o negócio é ser prático. Antes "perder" alguns quadros do que todos.

Mais do que nunca, o ditado "A ocasião faz o ladrão" faz muito sentido...

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12.12.07

Transitando

O trânsito de São Paulo está um caos hoje.
E eu acabo de arrumar minhas coisinha pra ir pra lá.
Pé na estrada porque hoje vai ser demorado.... ;)

Fui!

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11.12.07

Good morning!

NOTHING WAKES YOU UP AS NESCAFÉ
(Peça criada pela agência McCann Erickson, do Chile)

Terça-feira é naturalmente o meu dia de maior preguiça: sempre demoro pra engrenar e antes disso, já tomei vááárias xícaras de café...

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9.12.07

Nenhuma inspiração

Muitos pensamentos.
Muitas vontades.
Pessoas ressurgindo e também surgindo.
Cabeça borbulhando.

Saudades.
Esperanças para o novo.
Angústia pelo que virá.
Medo do que foi.

E NENHUMA IDÉIA de como colocar isso em palavras.
Seria o clima de fim de ano?
Contagem regressiva e também balanço geral?
Não sei... Tá difícil de entender.

Boa semana e boa sorte pra nós!

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28.11.07

Só para constar

Ressaca e mau-humor, infelizmente, combinam.
Hoje eu estou uma bruxa de chatice.
Amanhã, se eu sobreviver, eu volto!

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21.11.07

Sem fim

Passei o "pseudo" feriado de ontem tentando escolher dentre as 4.683 fotos da Europa quais serão reveladas — a meta era escolher 400 fotos. Mas, até agora, consegui ver somente 2.000 fotos (porque eu tinha que trabalhar também) e destas, já separei 800 pra revelar.

Vou ter que fazer uma nova seleção....
Será que consigo escolher menos de 1.000, ao todo?

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6.11.07

Problema

O blogger resolveu não funcionar com ftp. Não sei o que fizeram mas, não consigo fazer upload de imagens para os textos e nem ao menos publicar os textos, esteja como estiverem — sem imagens.

Portanto, vou postando e não publicando — porque o blogger não deixa. Juro que estou tentando!

Quando ele resolver voltar para o seu bom-humor habitual, acabo de colocar as fotas e publico tudo de uma vez!

É triste mas, o que era pra ser texto novo vai parecer velho...
Estou frustrada!

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6.9.07

27,7 milhões

É muito egoísmo: o cara faz um jogo da Mega Sena pra ele e outro pro funcionário. Aí, combinam de dividir o prêmio se um dos dois ganhar. Notem bem: eram 54 milhões de reais.

Os números do funcionário são os sorteados. O cara, ao invés de dividir 27,7 milhões
(Os outros 27,7 milhões foram pra outro bilhete premiado, dividido entre TREZE ganhadores - sem problema algum. De qualquer maneira, cada um levou 2,1 milhões de reais!), resolve "ingrupir" o coitado e dizer que foi o bilhete da família que foi o premiado.

Ah, gente! Tenha dó, né!? Se fosse um milhãozinho só, eu até falava menos. Mas são 27,7 milhões!! Vou te dizer onde esse cara deve estar querendo ENFIAR tanto dinheiro!

Eu é que vou jogar de novo! Quem sabe a sorte me ajuda? ;)


Leia aqui a lenga-lenga.

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10.8.07

Ridiculamente multada

Sem detalhes: não ando numa boa maré de direção. Já fui multada por excesso de velocidade (máxima 70 km/h — eu estava a 78 km/h); por falar no celular (essa faz tempo: nunca mais atendo dirigindo); por excesso de velocidade na estrada (essa foi merecida). Enfim...

Mas a pior aconteceu ontem: com QUATRO guardas policiais andando com suas motocas na avenida, ao meu lado, eu passei no sinal vermelho. Isso foi o que disseram — pra mim, no máximo o sinal estava laranja. Não sou retardada, né!? Maaas, eu já tinha tomado umas, estava na maior conversa com a Carol, sentada no banco de trás e realmente, não sabia como poderia me defender. Vou brigar com quatro marmanjos armados?

Eles me "pegaram" no outro semáforo — vermelho que, claro, eu parei. Seria estupidez, distração ou sacanagem?

Bem... Voltei pra casa bem murchinha e com uma multa gravíssima na carteira. Realmente: quem anda muito, leva multa. Mas essa foi EXTREMAMENTE ridícula. Magoei...

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2.7.07

Um domingo difícil

Começo a acreditar que sou má. Sem dramas e exageros, a pura realidade.

O caso é que odeio recado e odeio “ouvir atrás da porta”. Porque a partir desse momento, fico sabendo a opinião de quem está do outro lado, de quem eu tenho desavenças. E assim, começo a procurar as respostas para os motivos que me levaram a tomar uma postura diferente daquela esperada por tal pessoa “do outro lado” da história. Eu sofro antecipadamente a uma discussão, que possa vir a acontecer.

Porque quero ter argumentos quando e se essa pessoa quiser as respostas. Porque quero explicar por que acho que estou agindo da maneira correta. Normalmente, eu acho e pronto. Mas sem ter que dar explicações. Quando penso nelas antes mesmo de serem necessárias, faço uma bagunça na minha cabeça, começo a enxergar as coisas pela visão do outro e me acho má... Eu sei explicar muito bem para um amigo, pra você, as minhas razões, mas, me enrolo toda se tiver que explicar a razão para quem me feriu.

Acho que sou má porque vejo que o que disser vai machucar muito e ao mesmo tempo, o que ouvir talvez não seja o que quero ouvir. Covardia. Sou tão forte e tão covarde. Vejo os motivos como uma pessoa de fora e creio que tenho e posso muito mais do que deveria, que tinha que ser mais flexível e enxergar as coisas de uma maneira mais maleável.

Não sei... O pior é que nunca vou falar o que tenho pra falar. Eu sempre assumo a culpa. Prefiro ouvir e não magoar ninguém. Prefiro acreditar que EU poderia ter sido diferente – mas sei que, de qualquer maneira, minha postura não vai mudar, meu sentimento não vai mudar e nunca mais (talvez isso seja um pouco forte – espero) vou conseguir ser como já fui um dia: mais espontânea, menos exigente, sem enxergar além das evidências e brigas cotidianas que qualquer um tem.

Sou covarde, além de tudo, por preferir não explicar – porque explicar vai trazer à tona mais mágoas do que o necessário. Porque explicar talvez me coloque no lugar de vítima, e mesmo assim consigam virar o jogo – e eu não quero nenhuma das duas opções. Porque mexer com dores antigas só vai reascender brasas já amansadas com o tempo.

Por favor, não me mande recado; não me faça ouvir “sem querer” suas mágoas. Se tiver que falar algo, venha e fale na hora. Assim, não tenho tempo para remoer e deixar me corroer a ansiedade de dar explicações. Na hora, não tenho como fugir de você e de suas verdades. Mandando recado, me retraio e me confundo com as palavras – peso demais prós e contras para dizer a minha verdade e me escondo de você o máximo que puder.

Não é a primeira vez que isso me acontece. A angústia mais uma vez me faz sofrer e mais uma vez eu digo: sou fraca para essas emoções com hora marcada.

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12.6.07

Aconteceu

A saga de um negócio quase mal feito

Na última de abril, recebemos um contato de um comprador de Benin, país da África do Sul, interessadíssimo em nosso produto: a Cachaça Gabriela. Seu primeiro pedido era de dois containeres de 40’’ – o que significa cerca 28.000 garrafas, em cada um deles. Eu, muito pé no chão e conhecedora de nossa realidade (sabia que éramos eu e Marcelo que teríamos que preparar MANUALMENTE essas garrafas), afirmei ao pseudo-comprador que, dentro de 45 dias, poderia entregar a ele somente um container de 20’’ (14.112 garrafas de 700ml, para ser mais exata). E logo em seguida, ele poderia fazer outro pedido, se fosse de seu interesse.

Ele aceitou todas as nossas exigências: faria o pagamento antecipado, ou seja, antes de a mercadoria sair da fábrica e ir para o porto de Santos e ainda fez a compra das mercadorias com preço FOB, o que significa que nossa responsabilidade na entrega iria até o porto de Santos. A travessia até a África seria de total responsabilidade dele. A venda perfeita.

Enviamos as amostras (nossos custos) para que ele conhecesse o produto. Depois, enviamos o documento (nossos custos) para que pudesse fazer a transferência de dinheiro. Enquanto isso, muito trabalho, muita correria, estafas constantes: engarrafamos cachaça, encomendamos rótulos em inglês, enviamos os rótulos alterados para o Ministério da Agricultura, continuamos com nossos contatos com representantes aqui do Brasil. O que significa: abraçamos o mundo! Além de fazermos o trabalho braçal, continuamos todo o trabalho no escritório.

Eu e Marcelo podemos dizer que pusemos as mãos em todas as garrafas. Meus pais e principalmente meu irmão, colocaram a mão na massa. Não tinha como fazermos tudo e entregar a “encomenda” no prazo – o que sempre me deixa ansiosíssima! Trabalhamos das 7h às 22h todos os dias, inclusive finais de semana e feriado, enquanto esperávamos o pagamento chegar à conta da empresa (recebimento em dólar, de outro país, é demorado).

E então, a surpresa: para que o dinheiro fosse liberado lá na África, tínhamos de ter um documento que o Ministério das Finanças de Benin deveria nos repassar, comprovando que não somos terroristas e que a negociação não era lavagem de dinheiro. Ok, pensando em todas as garrafas que ainda tínhamos para rotular, sentei na frente do computador e comecei a conversar com uma advogada que faria os trâmites para nós lá. Ou seja, uma africana, registrada no Ministério deles, comprovando ser profissional da área.

A melhor parte está por vir: preenchi documentos para fazer o pedido do tal documento e enviei para ela. Mas, faltava um pequeno detalhe: EU, minha empresa, teria que enviar dinheiro pra lá, para que comprovasse minha idoneidade. E o melhor: a advogada não me passou o número de sua conta, ela somente me pediu para fazer uma transferência e enviar o número desta para que ela pudesse retirar o dinheiro. O que significa que eu nunca saberia onde encontrá-la depois disso.

Pensamos todos juntos, sugeri pagarmos e ver no que ia dar. Aí, fomos até o Banco do Brasil, que tem assessoria para Comércio Exterior e começamos a fazer pesquisas: o banco não existe, o documento não é exigido, talvez até mesmo o comprador não exista. E eu, que fazia planos para a bolada que receberíamos, frustrei. Mas ao mesmo tempo, vi o lado Pollyanna: ainda bem que desconfiamos, ainda bem que buscamos mais informações, ainda bem que tentamos e ainda bem que todas as garrafas continuam aqui.

Quantos não devem cair no “conto do vigário”? De qualquer maneira, me senti péssima por ter trabalhado tanto neste último mês, carregando caixa, fazendo força e pensando que tenho instrução para muito mais do que isso. É começo de negócio, eu sei, mas tem coisa que é muito difícil de engolir, viu!?

I will survive. E, maybe, a inspiração para escrever volte com o tempo…

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23.5.07

Uma cambada de leões por dia

Tem gente que diz que mata um leão por dia. Eu ando matando uma dezena.

São vários os motivos, mas o principal é o desconforto de uma maioria machista ver uma mulher resolvendo, questionando, mandando, fazendo o trabalho de mais de um homem.

Trabalho na fazenda, no escritório, cuidando de toda a burocracia, falando com fornecedores e compradores, prospectando clientes, exigindo respostas e sendo simpática com quem devo ser para um melhor relacionamento. Nesse sentido, não há problema: mulher pode cuidar desses afazeres – mesmo eu sendo mais dura do que muito homem em vários aspectos. Eu fico em cima, eu quero resultado, eu respondo todas as exigências que me são pedidas no tempo mais rápido possível. Minha cabeça está a mil o tempo todo.

E trabalho na fazenda, também no engenho, na indústria. Ali, as coisas são mais complicadas e mais simples. Mais complicadas porque não é todo mundo que aceita quando eu digo “tem que ser feito assim”. Existe uma cultura aqui de que todo mundo (diga-se todos os homens, é claro) tem que fazer uma rodinha e ficar discutindo qual a melhor maneira de se fazer uma reforma aqui, um serviço ali, uma melhoria acolá. Até aí, nada contra. Mas o problema é que cada um tem uma opinião, ninguém chega a um consenso e fica pra “resolver mais tarde”. Eu não: eu discuto, pergunto como pode ser, o que seria melhor (porque sou leiga em muitas coisas) e mando fazer (sim, estou começando aprender a mandar – e nesse sentido é mais simples, porque eu mando e acabou – mas sem deixar de pôr a mão na massa junto com os peões que fazem a parte pesada do negócio).

O mais difícil é ver que o apoio que você esperava em muitos aspectos não acontecem: na minha opinião, meu pai não aceita muito bem eu ter tomado a frente das coisas e não meu irmão. Ele está orgulhoso, eu sei disso, mas ainda, com certeza, tem a mentalidade dos primórdios da vida. Meus irmãos não querem sair da zona de conforto: as meninas têm sua vida fora daqui, meu irmão ajuda somente quando muito necessário (e quando ajuda, ajuda muito. Não posso negar).

Muitas vezes, me sinto no limbo: fora da realidade da maioria das pessoas que tem suas vidinhas regradas, seu trabalho com hora pra começar e terminar. E tenho que agradecer mil vezes pelo Marcelo estar ao meu lado. É ele quem me coloca pilha, me põe pra frente, me incentiva, me faz ver que o que estamos fazendo é o certo. Mais do que meu namorado, meu amigo de trabalho, meu parceiro, meu braço direito. O cara que não deixa ninguém ser machista perto dele – porque sempre deixa muito claro que quem manda aqui sou eu (mesmo, muitas vezes, sabendo muito mais do que eu sobre muitas coisas).

Como ele disse ontem, está difícil ter que “quebrar todos os gravetos no peito”. Sim, gravetos. Porque tudo vira tempestade por aqui: todas as mudanças e alterações são questionadas. Ninguém vê as melhorias porque não quer dar o braço a torcer.

Mas a gente continua na batalha. E mais difícil do que vender a cachaça, fazê-la conhecida e reconhecida pela sua qualidade, está sendo perceber que estamos sozinhos nessa luta. Até dar dinheiro, porque quando der lucro, com certeza todo mundo vai querer sua parte...

Os leões continuam caindo. Um a um. Aos montes, todos os dias.
E sempre estamos mais fortes e mais preparados para o próximo embate.
Porque mudar conceitos é quase uma guerra.

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8.5.07

Dez coisas para refletir

"Dez coisas que aprendi com o passar tempo. Dez coisas que levei anos para aprender "
(Por Luís Fernando Veríssimo)

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa. (Esta é muito importante. Preste atenção. Nunca falha.)
2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.
3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.
4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.
5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.
6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.
7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".
8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.
10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.

(Recebi pelo Orkut. Concordo em gênero, número e grau com tudo que ele levou tempos para aprender - na verdade, acho que levou tempo para assimilar, já que a gente sabe de tudo isso mesmo sem saber ou querer saber...)

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23.4.07

Saia Justa, de Salto Agulha e sem vergonha

A Karina, minha grande amiga do Salto Agulha, assistiu ao programa Saia Justa no sábado e acabou por ME colocar numa saia justa: escreveu um texto fenomenal (o que é normal, é claro) e colocou todo mundo a discutir sobre o que temos ou não vergonha – mas, falar sobre isso dá vergonha!

Desafio: assumir seus medos e inseguranças dá vergonha; escrever aqui pra todo mundo ler também dá muita vergonha. Mas não há o menor pudor da gente em elogiar, em querer bem. E, por muito amor que sinto por essa linda pessoa que é essa loira, vou assumir minhas pequenas vergonhas e minhas faltas de vergonhas:

Morro de vergonha:
- Da minha falta de coragem, muitas vezes, de tomar certas atitudes, de falar o que venho ruminando há tempos;
- Quando sou grosseira com alguém indevidamente e só percebo depois que já fiz;
- De “sapatear” (ter um monte de coisas pra fazer e não conseguir sair do lugar, às vezes);
- De colocar biquíni;
- De cair (sou mestra!);
- De quando escrevo sobre sentimentos (mas estou tentando passar por isso!);
- De ser elogiada;
- Dos meus foras fenomenais...
(parênteses de só um deles: na semana passada, dei um fora de matar de vergonha – como trabalho em casa, um cara veio conversar com meu pai e o jardineiro veio me avisar. Eu disse a ele: “diga que meu pai não está – e não estava mesmo – e nem pense em falar que eu estou aqui!” – senão, o cara ia querer conversar comigo, em pleno horário de almoço. Só que, na hora que eu estava falando tudo isso para o jardineiro, que é meio surdo – ou seja, eu falava em alto e bom som –, o cara já estava chegando na porta da minha casa, onde eu estava. Me ouviu!!! Saí correndo pra dentro de casa e não saí de lá até a hora que ele foi embora! O pior é que nesse meio tempo, meu pai chegou e o convidou pra entrar e conversaram durante horas... – Eu quis MORRER de vergonha!!! – esse é só um deles, viu!?)
- Ih! Tem tanta coisa...

Não tenho a menor vergonha:
- De sorrir pra todo mundo;
- De pedir pra me explicarem o que eu não sei;
- De trabalhar (desde o braçal até o intelectual – na verdade, tenho muito orgulho!);
- De assumir meu lado perua, quando dá.
- Ih! Também tem tanta coisa... Mas acho que já dá pra ter uma idéia!

* Key, querida!
Que desafio, hein!?
O mais difícil é parar a lista! ;)
Um beijo!*

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15.4.07

Peça, acredite, receba

"Hos successus alit: possunt, quia posse videntur."
Do latim, "O sucesso encoraja-os: eles podem porque pensam que podem."
Citação de Eneida, de Virgílio. Ou seja, o sucesso traz sucesso. (Tirei do livro que estou lendo agora: O Códex 632)

A capa da revista Veja há umas semanas atrás tinha o mesmo título que o deste post. O assunto é esse mesmo: pensamento positivo pode fazer milagre, se você acreditar.

Aí hoje, até que enfim, revelei minhas fotos e aconteceu uma coisa que há muito não acontecia: me achei bonita nas fotos (ultimamente nem queria sair nelas). E descobri porquê: porque eu estou acreditando em mim, porque eu me vejo como uma pessoa que está se realizando, porque eu me vejo como uma pessoa capaz. Realmente, a tempestade passou: eu estou muito bem como estou! (E amanhã vou escanear as fotos e contar suas histórias!)

Ou seja, a gente faz o que acredita poder fazer. E quanto mais fizer, mais coisas será capaz de fazer! Eu acredito e estou vendo acontecer!

Pense nisso e tenha uma ótima semana!

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Estou fora do peso ideal faz tempo!

Num domingo à toa, de muita preguiça, estou aqui, dando uma voltinhas nos sites de notícias pra ficar "por dentro" de alguma coisa. Daí, encontro essa matéria que é a real pra mim: "Gordinhos sofrem para encontrar roupa da moda".

É isso mesmo. Gordinha não tem vez! Eu gosto de ser fashion mas, ADORO comer bem, tomar minha cervejinha, sem culpa e sem neura — e depois fico sofrendo pra encontrar uma roupa legal para o meu tipo físico avantajado.

Às vezes até deveria pensar em me cuidar mais, mas a correria é tanta, a vida é tão curta, e eu sou tão preguiçosa pra fazer exercícios, que com certeza tenho mais o que fazer! E eu garanto: com certeza eu tenho conteúdo!!! (Duplo sentido! hehehehe)

Queria encontrar mais roupas com mais facilidade, viu!?
Leitura à toa de um domingo de preguiça... Mas é verdade!
Você também não acha?

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Emoório Biergarten: Cultivando Prazeres

12.4.07

Tô com fome!

Tenho fome e trabalho em casa.
Sou solteira e tenho mãe pra fazer almoço.

TUDO PERFEITO!

Maaaas, tem gente que não tem toda essa sorte e ainda por cima é estagiário — portanto, ganha menos que uma merreca e precisa passar o mês com o valinho-alimentação.

Como brasileiro é o máximo em criatividade, estes estagiários — ao que tudo indica de uma agência de publicidade — tiraram vantagem do sufoco que passam todo mês e criaram um blog sobre como comer em São Paulo com menos de R$ 9,00 por dia. Eu disse: NOVE reais!

Adorei o blog — de super bom humor e bom gosto. Acesse pra conhecer: www.vale9conto.com.br

(Dica: se estiver com fome, veja depois de matá-la! As fotos abrem o apetite!)

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Emoório Biergarten: Cultivando Prazeres

11.4.07

Semana estranha

- Chocolate demais;
- Dinheiro de menos;
- Revisão de carro;
- Trabalho demasiado;
- Dores musculares;
- Estafa e amigos;
- Muitas coisas pra fazer ao mesmo tempo;
- Tempo curto e mal aproveitado;
- Bebedeira em plena segunda-feira.

Realmente tenho N motivos para deixar esse post de "Feliz Páscoa" aí debaixo até hoje como o "top" da semana.

Escassíssimo o tempo para relax, para escrever, para fazer algo além de dormir...
Mas a vida é assim: a gente vai levando! E com um sorriso no rosto! SEMPRE!

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Emoório Biergarten: Cultivando Prazeres

20.3.07

Pra quê?


No Cervejarium, um barzinho muito legal da cidade, tem vários quadros de época como esse — todos relacionados a cerveja, é claro — e, estando por lá hoje para o happy hour básico e pensando nas palavras que ouvi, lembrei dessa imagem que tinha guardada: às vezes realmente me pergunto pra quê a gente namora.

Por que pensamos que precisamos de alguém? As pessoas às vezes nos magoam mas, se a gente não ama, é mais fácil passar por cima. Quando não dá pra fazer mais do que isso, eu emburro!


E amanhã está tudo bem. Beber nos torna mais sensíveis...

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Emoório Biergarten: Cultivando Prazeres

8.3.07

Dia Internacional da Mulher


É isso mesmo! E como muitas vezes ser multi faz com que a gente não tenha tempo pra nada, o Dia Internacional da Mulher, relembra que mulher é imprescindível, linda e necessária e que deve ser paparicada, pra ela mesma não se esquecer que tem seu lado frágil.

Não necessariamente é real o que disse acima, já que somos todos iguais e defendo os direitos iguais com unhas e dentes. Mas às vezes sinto falta de ser sustentada, de ser mimada, de receber flores... O dia de hoje lembra que MULHER é importante e tem que ser valorizada!

Mas tá difícil... A gente se tornou tão independente, tão bem resolvida, tão pronta pra tudo, que os homens (chefes, pais, amigos, namorados) às vezes se mostram bem acomodados: tão mais fácil ter quem faça do que ter que resolver alguma coisa... Falo de cadeira! E pior é não receber nem reconhecimento!

Depois, fazem esse dia especial pra gente, como se fôssemos diferentes dos homens e precisássemos de um dia (digo o mesmo para o Dia da Consciência Negra) pra sermos reconhecidas. E pior que nem assim!

Temos que ser tão multi porque temos que ser auto-suficientes muitas vezes! Nossa! Não estou MESMO nos meus melhores dias! Maaaaas, minhas amigas: Feliz Dia Internacional da Mulher — se isso faz com que se sintam melhores mulheres!

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6.3.07

Licença para gostar


Marta Góes, jornalista e escritora, escreveu um ótimo artigo na edição de fevereiro da Revista Bravo. Alguns trechos:

... Um jornalista influente, assistindo a uma peça de teatro pergunta, com alguma ansiedade a sua editora, sentada na fileira em frente: “Nós estamos gostando?”. A história fazia parte do folclore das redações, nos anos 90. Acreditava-se ingenuamente, que o mecanismo de copiar-impor opinião era a caricatura perfeita daqueles dois. Mas a piada nada tinha de exclusiva, dura até hoje e funciona bem em todos os territórios porque reproduz uma situação universal. Com olhos mais cínicos – ou apenas mais bem treinados – pergunta-se hoje, casualmente, “nós somos a favor?”. Seja de transgênicos, de Paulo Coelho, de Big Brother ou de qualquer desses temas que dividem opiniões. É a senha para indicar que se pretende adotar, por conveniência, uma postura, ou melhor, impostura, que facilite a vida naquela circunstância. Gostar errado pode arranhar a imagem e reavivar atritos desnecessários.
(...)

Os códigos são conhecidos. Trata-se de não destoar. O clichê das pessoas que lêem Caras “no cabeleireiro” e que viram cenas de novela das seis “por acaso, quando estavam passando pela sala” é apenas a ponta mais visível desse iceberg. A maioria esconde suas preferências com medo de maldição. Se a lista não tiver mudado, é permitido gostar, por enquanto, de jardins minimalistas, de casas clean, de mulheres magras, de sabores exóticos, de exercício físico, de cabelos lisos, de sandálias havaianas. Pelo menos enquanto elas forem vistas em lugares caros (como informar, com uma sandália baratinha, que você tem dinheiro? E sem dinheiro vai ser difícil saber se podem gostar de você).

(...)
Na hierarquia do que é perm
itido gostar, a simplicidade é alvo de grandes desconfianças. Clareza, precisão, começo, meio e fim podem ser confundidos com pobreza e obviedade.

O artigo é bárbaro — como todos os outros que ela publica todo mês na revista —: nos faz pensar nessas exigências da sociedade em se adaptar à moda, em ter que ser aceito sendo um igual aos demais. E li esse artigo só depois de ter ido ao banco na sexta-feira fechar uma operação de câmbio: pra ser bem tratada, vesti terninho, coloquei salto alto — eu, uma pessoa que vive de chinelo e camiseta e que não se preocupa nem um pouco com a aparência (salvo quando quero ser perua! Mas isso é um estado de espírito). Verdade, verdadeira: fui bem tratada. E essa estratégia veio depois de eu querer comprar um carro à vista e, por estar de bermuda e camiseta, quase que a vendedora riu da minha cara...

Sem contar as vezes que você gosta do que a mídia te faz gostar: eu não via Big Brother porque acho ridículo mas, todo mundo fala disso e eu me sentia por fora dos assuntos... O que é que eu fiz? Comecei a assistir!

Realmente, na prática, é muito difícil ser autêntico sem ficar parecendo um ser de outro planeta ou uma pessoa que realmente não se encaixa. Citando a citação da própria Marta Góes no artigo, “é bom que exista de tudo, mas podem deixar que a gente mesmo escolhe”, disse Nina Horta.

Escolher, eu até escolho, mas nem sempre você consegue fazer o que quer sem ter que se adaptar — e olha que eu costumo ser firme nas minhas decisões. Na maioria das vezes, isso é uma chatice, viu!?

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